Prémio BIAL 2016
O Fundação BIAL distinguiu este ano com uma menção honrosa um trabalho desenvolvido na Faculdade de Medicina de Coimbra, pelo Prof. José António Pereira da Silva e pela Enfermeira Doutora Andrea Ascensão Marques, ambos membros do Instituto Médico de Coimbra
O trabalho galardoado, que tinha já sido alvo de um elogiado doutoramento, tem o título CHANGING THE PARADIGM OF OSTEOPOROTIC FRACTURE PREVENTION IN PORTUGAL. FROM NATIONAL EVIDENCE TO CLINICAL PRACTICE AND GUIDELINES.
O trabalho apresenta de forma integrada os resultados de um projeto multifacetado de investigação e de intervenção científica na área de osteoporose, em Portugal. Vem sendo desenvolvido desde 2013 e contou com a colaboração de numerosos investigadores nacionais e estrangeiros e de todas as sociedades científicas nacionais com interesse nesta patologia.
A osteoporose e as fraturas que lhe estão associadas representam já um enorme encargo social quer em termos económicos (>de 200 milhões de euros em custos anuais em Portugal, só com fraturas da anca) e em excesso de mortalidade. O seu impacto tenderá a aumentar exponencialmente no futuro, com o aumento da longevidade da população, a menos que coloquemos em prática estratégias nacionais bem estruturadas e alicerçadas cientificamente.
Este trabalho deu, nesta área, um contributo verdadeiramente invulgar no panorama científico nacional pelo rigor científico, dimensão dos estudos e sua conversão em instrumentos de ação pragmática. Começou por proceder à adaptação para a população portuguesa, do FRAX®, um instrumento valioso para identificar as pessoas em maior risco de fratura, as que mais beneficiam de tratamento. Demonstrou-se, posteriormente, que este instrumento tem, entre nós uma elevada validade e rigor preditivo. Avaliaram-se, pela primeira vez, os custos das fraturas osteoporóticas em Portugal e, com base nisso, definiram-se níveis de risco de fratura acima dos quais é economicamente justificado proceder a tratamento com os diferentes fármacos preventivos de fratura. Reuniram-se, por fim, estas conclusões em recomendações nacionais, subscritas por numerosas sociedades científicas, relativas ao rastreio do risco de fratura osteoporótica e início criterioso dos tratamentos que visam diminui-lo.
Em suma, este trabalho resulta numa verdadeira mudança de paradigma no combate às fraturas osteoporóticas em Portugal por oferecer dados cientificamente sólidos para fundamentar as decisões de tratamento para doentes individuais e para a definição de estratégias de Saúde Pública nesta área, pelas autoridades nacionais.
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